Após alguma discussão na lista da FEMERJ e no site 8a.nu, percebi que o conceito adotado no Brasil, pelo menos na teoria, é diferente do mundial. Quando digo mundial, me refiro às graduações francesa e americana (a inglesa é bem diferente).
No Brasil, teoricamente a graduação de uma via, seja ela esportiva ou tradicional, é obtida através da cadena a vista. Pode até ser que na escalada tradicional seja assim, principalmente nas vias técnicas. Mas com certeza não é assim que se gradua vias esportivas e boulders, assim como penso que vias tradicionais atléticas (i.e. negativas e fisicamente exigentes) também não tenham sido, nem sejam, graduadas desta maneira. E vou além, ao meu ver, nenhuma via deveria ter seu grau dado a vista, mas aí já é pedir demais, né...
;)
Portanto, creio que se faz necessário explicar detalhadamente como chegar corretamente à graduação de uma via esportiva ou um boulder, para que tenhamos uma graduação compatível e linear com a francesa e a americana, onde:
Francês = Brasileiro = Americano (V é para boulder):
9b+ = 12c
9b = 12b
9a+ = 12a
9a = 11c
8c+ = 11b = V16
8c = 11a = V15
8b+ = 10c = V14
8b = 10b = V13
8a+ = 10a = V12
8a = 9c = V11
7c+ = 9b = V10
7c = 9a = V9
7b+ = 8c = V8
7b = 8b = V7
7a+ = 8a = V6
7a = 7c = V5
6c+ = 7b = V4
6c = 7a = V3
6b+ = 6°sup = V2
6b = 6° = V1
6a+ = 5°sup = V0
6a = 5°
Para que a tabela acima, utilizada para graduar no site 8a.nu por exemplo, seja válida, a forma correta de se graduar é:
1) A pessoa que faz o FA (first ascent), i.e., faz a 1ª cadena - normalmente trabalhado (em red point) - propõe um grau para a via / boulder através de sua graduação pessoal - personal grade.
2) Os repetidores da via / boulder propõem a sua graduação pessoal para esta via / boulder.
3) O grau final é obtido pela moda dos graus pessoais totais após um número razoável de repetições.
Obs.: Moda é o valor com maior frequência. Diferente de média ou mediana.
1) A pessoa que faz o FA (first ascent), i.e., faz a 1ª cadena - normalmente trabalhado (em red point) - propõe um grau para a via / boulder através de sua graduação pessoal - personal grade.
2) Os repetidores da via / boulder propõem a sua graduação pessoal para esta via / boulder.
3) O grau final é obtido pela moda dos graus pessoais totais após um número razoável de repetições.
Obs.: Moda é o valor com maior frequência. Diferente de média ou mediana.
Isto significa que, à medida que a via / boulder vai sendo repetida, i.e., recebe outras cadenas, seja em red point, a vista ou em flash, o grau se confirma ou não pelo consenso da comunidade.
Vou além, as graduações pessoais com maior importância neste processo vêm daqueles que encadenam a via / boulder no seu limite, em red point, pois a diferença de um grau é mais bem percebida por eles. De maneira oposta, um cara muito forte normalmente não tem como diferenciar o grau de uma via / boulder "fácil", pois ele perde a sensibilidade.
Acontece que o grau da via / boulder não é imutável. Às vezes quebra-se uma agarra ou alguém acha um beta novo e melhor. A partir de então o processo acima se repete, mudando ou não o grau da via / boulder.
Claro que grau é subjetivo e varia de pessoa para pessoa, em função do tamanho da pessoa, do tipo de rocha que a pessoa está acostumada a escalar, do tipo de escalada, se técnica, explosiva ou de resistência. Isto é, grau é pessoal. Por isso que o consenso / grau final é obtido pela moda, pois significa que para a maioria das pessoas que encadenaram a via o grau é aquele.
Isto é importante para dar idéia aos escaladores que tentarão a cadena no futuro, principalmente quando se tenta a cadena a vista, feito este que pode ser considerado o mais nobre na escalada esportiva - a cadena a vista, sacando ou não.
Mas lembrem-se da máxima que:
"Grau não se discute, se comemora!"
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